quarta-feira, 9 de junho de 2010

Fazer da queda um passo de dança


Em um email, Lilian me pede por uma poesia ou um texto que pudesse distribuir no almoço que ela e Marcos ofereceriam no dia 12 de junho, por ocasião do seu casamento civil. Um casal que já há muito tempo sonha junto quer compartilhar a alegria. O amor é assim, não consegue ficar escondido ou calado. Enviei a ela algumas poesias, mas meu coração me dizia que o momento de Marcos e Lilian pedia por algo que fosse só deles. Algo escrito para eles e para o momento. E assim nasceu este texto.

Fazer da queda um passo de dança

texto de Vera Weissheimer

dedicado a Lilian e Marcos



Na vida, algumas vezes – na pior das hipóteses, na maioria das vezes –, vivemos os momentos, essas filigranas que vão se somando e dando o tom ao dia, como algo definitivo. A queda parece ser para sempre, o fracasso para toda a eternidade, a rasteira que levamos parece ter nos quebrado os joelhos e derrubado para a vida toda, o amor que acabou parece nunca mais nos deixar recuperar a alegria. Assim como as tempestades, mesmo as mais pesadas, não duram para sempre, a tristeza também não. Chegará novamente um tempo para a alegria, para o riso, para o vinho, para o abraço e para a festa. Há tempo para tudo nesta vida. Um texto muito antigo, o livro de Eclesiastes, escrito cerca de três séculos antes de Cristo, ensina que debaixo do Céu há momento para tudo, e tempo certo para cada coisa. Há o tempo de chorar, mas há o tempo de rir; há tempo de sentir dor, mas há também o tempo de rodopiar e dançar; tempo de abraçar e tempo de se afastar; há o tempo de procurar, mas também é necessário reconhecer que há o tempo de perder. Há tempo para guardar e há aquele tempo em que é preciso jogar fora o que nos entulha a vida. Há tempo de rasgar, e tempo de costurar; tempo de estar calado e tempo de falar; tempo de amar... e voltar a amar. Fernando Sabino poetiza: “De tudo, ficaram três coisas: a certeza de que (a vida) estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar... Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo da dança, do medo uma escada, do sonho uma ponte, da procura um encontro.”









2 comentários:

Lilian Quintal Hoffmann disse...

Querida Vera, só temos a agradecer sua sensibilidade e seu lindo texto. Muito obrigado, Lilian e Marcos

Pedro Bezerra disse...

Dançar e rodopiar, dia a dia, em cada momento, re-criando caminhos e construindo novos passos, encontrando novos parceiros e amando sempre.

Pedro