quinta-feira, 12 de julho de 2012

Quero ser como um bom chocolate

“... sacerdotes e levitas lhe perguntaram: Quem és tu? Ele confessou e não negou; confessou: Eu não sou o Cristo.” (Evangelho de João 1.19b-20)

Hoje recebi um chocolate de presente é daqueles que não se come, se degusta. Estou tomando um café com leite e passando os dedos nos farelos que sobraram na embalagem do chocolate. Essa experiência quase mística com o chocolate – sei que alguns me entenderão – me fez ler o texto do Evangelho, citado acima, não com os olhos, mas com o paladar. No texto, João (o Batista) - que imagino ser alguém um tanto empoeirado já que andava pelos desertos – é interrogado por sacerdotes e levitas, quanto à sua identidade: “Quem és tu?” Ele sabia quem era, sabia seu lugar no mundo. “Não sou o Cristo”, responde ele. Quando disse que havia lido o texto com o paladar, foi porque senti o texto me convocando:

Quem é você? Não é se você é gordo ou magro, alto ou baixo. Mas quem é você? Eu desejo ser como um chocolate, não um chocolate qualquer, mas como um bom chocolate, desses que derretem na boca, nos faz fechar os olhos como crianças que se lambuzam de alegria. “Ser” de tal forma que eu possa marcar de sabor a vida de quem passar por mim, de quem vive ou trabalha comigo. Mas para “ser” com sabor, eu preciso saber quem “sou”. E quem sou? Quem é você que está lendo esta meditação? Você tem sabor? Sua vida tem sabor?

João, o evangelista, foi de grande humildade, mas ele sabia quem era e sabia o sabor que trazia em sua pregação. Era aquele que estava preparando o caminho.


Desejo um caminho de cheiros e sabores que convidem você para a Vida e para nunca fugir de quem você é de verdade. E, para SER, é preciso CORAGEM, como aconselha o título de um livro que recomendo: “A Coragem de Ser” de Paul Tillich.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Faça Contao! Importe-se!


“Amou daquela vez como se fosse a última.
Beijou sua mulher como se fosse a última.
E cada filho seu como se fosse o único.
E atravessou a rua com seu passo tímido.”
(Chico Buarque)




Entre o vai-e-vem de gente e carros, na semana passada, um jovem pulou do viaduto próximo ao hospital, hoje, mais uma vez, alguém “flutuou no ar como se fosse um pássaro... Morreu na contramão atrapalhando o tráfego”, como canta Chico Buarque.

Um suicídio a cada semana? Isso deve nos inquietar. O que houve? Quem era? Que dor foi tamanha que já não era suportável?
Faça contato. Importe-se! Olhe bem para seu colega, preste atenção em seu olhar. Preste atenção em seus filhos, seu companheiro ou companheira. Há dores que as pessoas não contam e uma atenção, um gesto de solidariedade, de carinho, pode fazer a diferença na vida de uma pessoa. No livro “As bênçãos de meu avô”, a médica americana Rachel Naomi Remen, escreve “Grandes bênçãos vem em pequenas embalagens.” Perguntar para a pessoa como ela está e realmente parar para ouvir o que ela tem para dizer, pode ser uma bênção curativa. Abraçar o colega de trabalho, dizer um bom dia, olhar nos olhos para que realmente perceba que está se importando com ele. Quando não sabe o que dizer, estar junto é sempre a melhor coisa a fazer.
Nosso “Bom dia”, costuma ser tão rápido e desatencioso que nem ouvimos a resposta. Diferente fazem os indianos. Estes cumprimentam-se com “Namastê”, que quer dizer: “vejo a centelha divina dentro de você”. Os judeus, por exemplo, quando se encontram, cumprimentam-se com “Shalom”, que é um desejo de saúde total. Também significa, “a paz do Deus que habita em mim seja sobre você”. O termo iídiche: Gut shabbes. O equivalente para os árabes é o cumprimeto Assalamu Aleikum.
Então, da próxuima vez que disser “Bom dia”,
Importe-se verdadeiramente com aquela pessoa que você está cumprimentando - espere pela resposta.
Isso pode fazer a diferença!