(texto de Vera Cristina Weissheimer)
Nossa cultura latino-americana é carregada de
significantes religiosos que são trazidos para dentro do ambiente hospitalar e não
só pelos pacientes, também pelas equipes de saúde. Quando, para o paciente
parece surgir uma caminho sem volta e para a família a cura parece ser “sonhar
um sonho impossível, como poetiza Chico Buarque, surge aquela situação em que
costuma aparecer a frase: “Não há mais o que fazer”. Foi o marido de uma paciente
que melhor definiu a importância da espiritualidade. Ele me procurou e disse: “Me disseram que
não há mais o que fazer, mas eu sei que há. Você me ajuda a ajudar a minha
esposa?"
Ao ouvir o pedido da paciente, fui tomada por um
constrangimento doído. Somos egoístas. Não admitimos que a morte faça
parte de nossa vida, e não admitimos que nossos mais queridos tenham que
morrer. "Afinal, de alguma coisa temos que morrer", disse me outra
paciente.
Ela pedia por silêncio. Ora, o silêncio tem sons de poesia, tons de reverência diante do Divino. O silêncio ajuda no-encontro-conosco-mesmos, "pode ajudar-nos a ganhar distância em relação às nossas raivas e rancores", escreve Anselm Grün. O silêncio verdadeiro e meditativo nos põe em contato com nossos desencontros, e desenganos e por isso é curativo. Porque nos unge com a graça da re-conciliação com nossa alma - aquela parte em nós, onde cada um é como é, sem máscaras e meias verdades. Esse encontro mais profundo é importante, é preciso paz para essa caminhada.
Silêncio também queria o paciente que deixou numa carta as instruções para seus penúltimos momentos -- sim, penúltimos, porque últimos, não sabemos quais, quando ou como serão. Queria todo mundo ao seu redor e a música que deveria tocar no quarto até ele parar de respirar deveria ser "O Silêncio", de Beethoven. E assim foi feito.
Escrevo isso para homenagear todos aqueles e aquelas que estão fazendo sua caminhada e nem sempre tem seu desejo de silêncio e quietude respeitadas.
(Dica de leitura: "As exigências do silêncio" de Anselm Grün)
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Ela pedia por silêncio. Ora, o silêncio tem sons de poesia, tons de reverência diante do Divino. O silêncio ajuda no-encontro-conosco-mesmos, "pode ajudar-nos a ganhar distância em relação às nossas raivas e rancores", escreve Anselm Grün. O silêncio verdadeiro e meditativo nos põe em contato com nossos desencontros, e desenganos e por isso é curativo. Porque nos unge com a graça da re-conciliação com nossa alma - aquela parte em nós, onde cada um é como é, sem máscaras e meias verdades. Esse encontro mais profundo é importante, é preciso paz para essa caminhada.
Silêncio também queria o paciente que deixou numa carta as instruções para seus penúltimos momentos -- sim, penúltimos, porque últimos, não sabemos quais, quando ou como serão. Queria todo mundo ao seu redor e a música que deveria tocar no quarto até ele parar de respirar deveria ser "O Silêncio", de Beethoven. E assim foi feito.
Escrevo isso para homenagear todos aqueles e aquelas que estão fazendo sua caminhada e nem sempre tem seu desejo de silêncio e quietude respeitadas.
(Dica de leitura: "As exigências do silêncio" de Anselm Grün)
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